Na quinta-feira
(02), aconteceu no Auditório Charles Luciano – FACISA/AEDA - Araripina, Sertão
de Pernambuco, a Caravana de Direito Eleitoral da ESA (Escola Superior de
Advocacia– PE) - As Inovações para as Eleições Municipais de 2016, com a presença de muitas autoridades, entre elas posso
destacar a doutora Gabriela Reis F. Batista, Presidente da OAB – Subsecção Araripina,
Dr. Paulo Renê Gomes, Secretário Geral Adjunto da OAB/ Araripina,
Tenente-Coronel Antonio André Rodrigues Souza, Comandante do 7º Batalhão de
Polícia Militar – Ouricuri-PE, Capitão Edmilson José de Barros – Comandante da
2ª CIA do 7º BPM de Araripina, Trindade e Ipubi, Dr. Carlos Neves, Diretor
Geral da Escola Superior de Advocacia da OAB-PE, Dr. Antonio Ribeiro,
Administrador do Núcleo de Direito Eleitoral da ESA, entre outras.
Carlos Neves, principal
palestrante da noite, abordou vários temas importantes para o momento que se
aproxima, e o que já estamos vivenciando, com as pré-campanhas eleitorais.
Carlos Neves Filho é advogado, formado em direito
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Passando direto
para o embate sobre o direito eleitoral, pontuando de maneira histórica para
poder se aprofundar na matéria em debate, Neves lembrou que o processo eleitoral
foi criado na era Vargas, para evitar as mazelas e as influências políticas e
econômicas, criar uma justiça que pudesse garantir mais transparência, e apesar
da figura controvérsia, conhecido também como ditador, tem um lado importante para
justiça brasileira. O próprio Getúlio Vargas surgiu com o Estado Novo, acabou
com os partidos, e sem partido, não existe Justiça Eleitoral, Congresso,
eleição, povo nas ruas, lembrou Neves.
Neves, remonta a
nossa história à 1964, quando aconteceu o Golpe Militar, e apoiado nos fatos já
conhecidos de todos os brasileiros, contou que havia uma bipartidarização e que
a ditadura fazia de conta que tinha um processo eleitoral, e usava de
maniqueísmo do ponto de vista da legislação, fazendo com que quase todas as
instituições estivessem a serviço do regime. Lembrou que as leis eram
modificadas a todo minuto para atender a direitos especiais, principalmente para
eleger os partidários da ditadura. Dois partidos eram autorizados a funcionar:
o MDB e a ARENA, e para o professor a ditadura fez transparecer que as instituições
funcionassem para que aparentasse uma democracia, com eleições periódicas, imprensa
livre, e dava a entender que havia um processo democrático no país. Todos os cargos no país eram indicados pelos
militares e não tínhamos eleições. Neves também lembrou da retomada da redemocratização
em 1979, quando o próprio regime militar quebrou a flexibilização e permitiu a
criação de novos partidos, a criação do Partido dos Trabalhadores, do PDT de
Brizola, aí veio a anistia com a volta dos exilados ao Brasil, e nesse pacote
de mudança, a importância central surge com a eleição, com a transformação da
vontade do povo em um mandato letivo.
- Quando as pessoas
não escolhem os seus representantes, há ruptura, ressaltou Neves. Democracia se
faz com o povo, e cada um sendo respeitado na sua opinião, afirmou.
A democracia, fez
com que seja transferida para o Estado a responsabilidade da nossa vida coletiva.
Qual a importância do Processo Eletivo e o
direito que regulamenta a eleição?
Para Carlos Neves, nós
temos um país no Estado Democrático de Direito sustentado no sistema
representativo, que se dar através de eleições. Quem deve ser esse
representante? Quais as exigências e como devem acontecer essas escolhas?
Neves diz que, para
o povo é dada a responsabilidade do voto e cada voto é uma consequência. Quando
o eleitor vota, deve saber quem vai ser
eleito; saber porque um candidato foi cassado; se convencer que a propaganda eleitoral
é um absurdo porque se gasta muita com ela, aí o cidadão começa a partir de
premissa equivocada, explica.
Lembrou que a
partir da constituição de 1988, os partidos políticos são os detentores do
monopólio das candidaturas, isto é, só pode ser candidato quem for filiado ao
um partido político, e consequentemente os partidos viraram entidades ainda mais
fortes. Pontuou que a regra deste jogo com o sistema proporcional para eleger
deputados, vereadores e o sistema majoritário, prefeito, governador, senador e presidente
da República, se baseia nessa questão do monopólio do partido, porque é ele que
nos levará até o nosso representante.
Neves alertou que
somos nós que financiamos os partidos e que democracia é uma coisa cara, assim
como a própria Justiça Eleitoral, que foi para o advogado, uma das instituições
que mais avançou e garantiu a certeza do voto. Antes para ele, o país vivia uma
incerteza generalizada, porque haviam dúvidas em fechamento de urnas, resultados
burlados, fraudes, e exemplificou o “voto formiguinha”, que era um dos casos
usual em época de eleição, em que o eleitor votava na cédula e depositava na
urna, o coronel mandava o capataz pegar a cédula no local de votação, ele
preenchia, colocava em um envelope, e entregava ao trabalhador que depositava
na urna. Essa fraude maculava a vontade do eleitor.
Neves disse que
confia e acha totalmente seguro o processo eleitoral atual no Brasil.
Para ele a partir
do momento em que acaba a fraude do momento do voto, não resta mais discussão,
restam dúvidas sobre o momento precedido do voto, que é a formação do
convencimento.
A Justiça Eleitoral
e o direito eleitoral avançaram e muito em todos os sentidos com relação ao
processo de votar, mas na questão da proteção e da formação consciente do voto,
a autonomia da vontade do eleitor, escolher livremente o seu candidato, vem
sendo muito maculado no país. Maculado pelo abuso de poder econômico, poder
político, pela baixa formação educacional, pela venda e a compra do voto.
É preciso atacar a
rede que abusa do poder econômico, e para Neves, existem medidas para isso. Ninguém
pode interferir de forma a desviar quem a população irá escolher, cabe ação
contra o cidadão que praticou esse ato ilícito. Ele não é legítimo se ganhou
roubando, fraudando, maculando, comprando votos, abusando do poder. Existe lei
para punir esses atos, alertou Neves.
Quando é que a
justiça eleitoral e o direito eleitoral pensam sobre a formação livre do
convencimento? Equivocadamente, diz Neves. Existem mecanismos para coibir o
abuso de poder, a compra de votos, e existem mecanismos equivocados quando se
fala na liberdade de escolha do eleitor.
Neves disse que 10%
da população brasileira é filiada a partidos políticos, portanto 90% das
pessoas não podem ser candidatos porque não são filiadas a partidos políticos.
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